Cena do filme "O Profissional" de Luc Besson
Ela acredita na beleza, na sutileza de uma flor discreta. Ela respira amor e isola a dor para outras avenidas. Não há o que se preocupar, pois a vida é uma brincadeira que insistimos em brutalizar.
Ela sorri com sinceridade, porque chorar é tão solitário. Ela prefere a constância do imprevisível, do mundo em mutação e das novas perspectivas. Ela se mexe e mexe com as estátuas que se camuflam nos prédios gris.
O verde vívido dos campos a seduz para aproveitar a luz que esquenta sua face. Ela não se importa com nomes e números. Ela tem fé e crê em outras vidas, mas não se reprime nesta, ao contrário, trata-a como um brinquedo de shopping, cujo propósito único é entreter.
Ela não se acanha em realizar pequenas gentilezas, pois, melhor que sorrir para o espelho, é enxergar o sorriso alheio. Ela paga suas contas, mas não se apaga. Não é o melhor emprego do mundo, mas é o melhor mundo que conheço.
Ela sonha em ser rica sem dinheiro e importante sem ser famosa.
Eu não vou tirar isso dela.
Ninguém vai.
Otimismo demais pra mim. As vezes eu tento ser otimista, eu penso que não deveria ser tão mal amada, tão amarga, se não eu vou acabar virando a Yzma (Disney), mas não dura nem uma semana. As coisas são óbvias demais, pra ser feliz eu precisaria recuperar uma ingenuidade que acho que nunca tive.
ResponderExcluir"Ela sonha em ser rica sem dinheiro e importante sem ser famosa"- adorei.
Texto maravilhoso, como sempre.
Otimismo demais para mim também hahaha
ExcluirMas, eu queria ser muito assim.
Obrigado Mari! Sempre bom vê-la por aqui!
Ninguém vai tirar esse brilhantismo despretensioso dela, tampouco a essência maravilhosa do teu texto, querido Vitor!
ResponderExcluirMe identifiquei bastante, apesar do meu temperamento ser um tanto mutável, na maior parte da minha vida fui positiva e acreditei na beleza da vida. Como é gostoso se abster da violência virtual em que nos encontramos e me deparar com palavras sutis e intensas como essas... Deu vontade de sair pelas ruas com fone no ouvido sem reclamar do sol da cara e sorrir para as pessoas sem a garantia do sorriso de volta, haha.
Já me tornei eternamente fã da perspicácia de sua licença poética *-*
Beijão <3
Fico muito feliz de te ter despertado esse sentimento tão raro atualmente, Hellz. Mais feliz ainda pelos fervorosos elogios. Você é uma pessoa que cada vez mais me desperta vontade de conhecer melhor, para além de suas palavras.
ExcluirBeijos e volte mais! ;-)
bem, aí está um texto que tem umas coisinhas meio diferentes pelo caminho. chorar é solitário - quer dizer que ela chora. não acredito em pessoas ~positivas~ demais. e também sou assim com personagens. mas gosto desse modo de ver as coisas. eu mesma estou tentando me forçar a ser dessa forma (pra aliviar a gastura). ah, faz tanto tempo que não passo por aqui que tenho até vergonha. você me perdoe (plz). u.u - emilie escreve
ResponderExcluirEu também não acredito em pessoas positivas demais, por isso eu a encaro mais como uma idealização do que eu gostaria de ser do que alguém propriamente real. Não dá pra ser feliz o tempo todo, mas dá para tornar a nossa vida menos mesquinha e frustrante.
ExcluirImagine Emilie, o importante é que você apareceu e fez falta aqui. Você escreve muito bem!
Volte mais ;-)
Interroga a beleza da terra, interroga a beleza do mar, interroga a beleza do ar amplo e difuso;
ResponderExcluirinterroga a beleza do céu, interroga a ordem das estrelas;
interroga o sol, que com o seu esplendor ilumina o dia;
interroga a lua, que com sua claridade modera as trevas da noite;
interroga as feras que se movem na água, que caminham sobre a terra, que voam no ar: almas que se escondem, corpos que se mostram; visível que se deixa guiar, invisível que guia. Interroga-os!
Todos te responderão: Vê-nos: somos belos! Sua própria beleza se dá a conhecer. Esta beleza imutável, quem a criou, senão a Beleza imutável?”
Santo Agostinho - Sermão CCXLI
Gosto da associação das tuas palavras com o filme, que nos mostra de uma forma pouco habitual a interação de duas pessoas controversas, que estão ambas envolvidas numa inusitada situação, apesar de haver indubitavelmente amor por trás da dupla.
A trilha sonora da Bjork imprime tanta sensibilidade a melhor cena, pra mim, do filme... nada do glamour hollywoodiano, é a rotina que faz a beleza:
https://www.youtube.com/watch?v=D-nq2kEEL5o
É difícil mesmo ficar zangada, quando há tanta beleza no mundo.
=)
Estava sentindo falta dos seus comentários tão elucidativos, Priscila.
ExcluirE fico extremamente feliz de você ter captado a referência do filme e sua relação com o texto.
Eu revi ao filme recentemente e nessa cena, cujo link você colocou, eu ainda não havia reparado na música da Bjork e quando eu percebi, já estava contagiado pela música e pela positividade que ela transmite.
Beijos e volte mais ;-)
Ela é um exemplo que todos devíamos seguir. Tanta gente se preocupando com dinheiro e status e se esquecendo que a vida é curta demais para ficar se acumulando bobagens... Importantes são os momentos que nos constroem.
ResponderExcluirCertamente Lari, concordo em cada palavra do seu ótimo comentário.
ExcluirBeijos!!
''Ela se mexe e mexe com as estátuas que se camuflam nos prédios gris. ''
ResponderExcluirQue passagem profunda, como o texto todo.
Alguém que lhe inspira assim, faz o nossos dias valer a pena. :)