segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Paint the walls with my brain

Cena do filme "Clube da Luta" de David Fincher


Desligou a TV de 50 polegadas, enxergou o seu reflexo na tela em silêncio, a poltrona levemente reclinada, as paredes vermelhas, harmonizando com o exuberante jogo de sala. A janela aberta exibindo o fim do dia e o início da epifania. Aquele filme havia mexido com ele de um modo inédito em sua vida, não esperava que o comentário "Um Soco na Mente", escrito na parte de trás da capa do filme, fosse tão verdadeiro.

Olhando fixamente para a sua imagem, remoía todas aquelas frases cuspidas da boca feroz de Tyler Durden, seu ídolo instantâneo, a personaficação do inconformismo e do caos. Geralmente, a dissociação entre cinema e realidade era natural em sua vida, porém, os dias corriam e as palavras de Tyler permaneciam. A rotina era a mesma, mas algo nele havia radicalmente mudado. As distrações eram inúteis. O seu predominante pensamento era: "Está tudo errado, minha vida é uma puta farsa".

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Jogo Da Vida

Engraçado e, ao mesmo tempo, trágico como certas coisas não mudam.

Cena do filme "Encontros e Desencontros" de Sofia Coppola


Choro copiosamente, o peito dói, meu coração inquieto não me engana, apesar dos disfarces mais exuberantes, infiro convictamente: o que me faz feliz não é desse mundo esquemático.

A pior parte é que são lágrimas imaginárias, sofro por dentro, explosões internas contra o espelho, o fado da indecisão me impede de subir os degraus da justiça interior.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Sobre Pedras e Águas

Cena do filme "Mundo Cão" de Terry Zwigoff 


Uma pequena pedra, estática na correnteza, observa o fluxo das águas, que vão e voltam, enquanto ela permanece inerte no fundo do rio. 

Essa pedra parece não se importar com o movimento, com a pressa das águas. Ela não sente vontade de se mexer, de mudar de lugar, de seguir a corrente que não cessa.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

O Chamado Da Violência

Cena do filme "Taxi Driver" de Martin Scorsese

Todos os dias, por trás dos vidros do seu Chevette preto, ele sentia a podridão que vinha das ruas, dos bares, dos bordéis... Nem o esgoto era tão fétido, nem o monóxido de carbono dos veículos intoxicava tanto quanto ver aqueles traficantes vendendo drogas com o sol de testemunha, rindo da impunidade, enquanto os policiais e políticos estavam ocupados demais com suas putas, pagas com dinheiro de suborno, dinheiro sujo, tão imundo quanto eles próprios.

O motorista do Chevette observava tudo com asco, com os olhos distantes e ávidos por uma inclemente tempestade que limpasse toda essa imundície da cidade. Suas retinas também miravam o porta-luvas do carro, que escondia um revolver calibre 38. Era uma medida de precaução, mas ele desejava,ansiosamente, utilizá-lo.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

(500) Dias Sem Ela

O blog está completando um ano esse mês e resolvi republicar um dos primeiros textos que escrevi aqui como uma forma de auto-homenagem preguiçosa rsrs. Agradeço imensamente o apoio das pessoas que continuam me incentivando a escrever e aquelas que comentam e gostam de alguma coisa do que escrevo.



Cena do filme "(500) Dias Com Ela" de Marc Webb


E então foi consumido por um sentimento inoportuno e familiar
Velhos devaneios, lamentações, preso às lembranças vagas de uma utopia
Não sabia como se libertar, como esquecer...
Mas sabia que estava exagerando, que não havia motivo algum para alimentar esperanças,
que não existia reciprocidade, ou nada perto disso