segunda-feira, 23 de junho de 2014

Mil Passados e Nenhum Futuro

 Cena do filme "O Segredo dos Seus Olhos" de Juan José Campanella

          Recentemente eu assisti a um excepcional filme argentino chamado “O Segredo dos Seus Olhos” e uma frase proferida por um dos personagens do filme me chamou especial atenção. Em determinado momento da película, esse personagem adverte o protagonista Benjamín Esposito (Ricardo Darín), que é um sujeito extremamente obcecado pelas decisões e hipóteses do seu passado, de que se ele prosseguir com sua exploração incessante, remoendo todas as minúcias daquela época, vai acabar tendo “mil passados e nenhum futuro.” Essa afirmação me fez refletir de tal forma que eu decidi visitar, pela enésima vez, o meu passado não tão longínquo e tentar compreender o porquê da minha insatisfatória situação atual no âmbito profissional. Porém, sem criações dispensáveis, suposições infundadas e possibilidades ilusórias de novos passados, pretendo me ater somente ao meu “primeiro” e único passado.

          Cá estou novamente nessa encruzilhada, mas, dessa vez, o cerco está se comprimindo e me sufocando de um modo deveras aflitivo, diferente de 6 anos atrás, quando eu parecia mais resoluto, quando os vestibulares eram minha única preocupação e meu futuro estava bem alinhado com as expectativas que eu tinha.

quinta-feira, 19 de junho de 2014

O Show de Truman - O Show da Vida (Truman Show, The, 1998)

Antes de iniciar essa resenha, gostaria de dizer que estou inaugurando uma nova categoria de textos no blog, voltada a uma análise crítica de filmes diversos. Não sou nenhum crítico profissional, sou apenas um cinéfilo que deseja compartilhar suas impressões e considerações acerca de obras cinematográficas. Espero que apreciem de alguma forma.


Alerta de Spoilers!!

 Em 1998 Jim Carrey já havia se consolidado como um comediante de sucesso e comprovado seu talento para o humor em filmes como “Debi e Lóide” e “O Mentiroso”. Porém, o ator decidiu se enveredar por um ramo até então desconhecido para ele, um drama que seria dirigido pelo renomado diretor Peter Weir, conhecido por realizar obras com um elevado teor reflexivo, como “A Sociedade dos Poetas Mortos” e que se basearia em um roteiro original elaborado por Andrew Niccol, o realizador da perspicaz ficção-científica “Gattaca”.
 Felizmente, a aposta se revelou um enorme acerto para todos os envolvidos no projeto, “O Show de Truman” foi um dos melhores e mais originais filmes daquele ano e, ouso a dizer, da década de 90.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Time to Meet the Devil

Cena do filme "Apenas Deus Perdoa" de Nicolas Winding Refn

Era uma quarta de manhã, um calor descomunal e um TCC para apresentar. Apesar de aparentar total tranquilidade, eu estava tenso e tomei uma decisão que aumentou ainda mais aquele estado, a infeliz atitude de acompanhar a apresentação de meu antecessor, cujo tema do trabalho era similar. Ao perceber a boa desenvoltura do meu veterano ao se apresentar e, mesmo assim, as severas críticas recebidas por ele, principalmente, realizadas por um tal professor, imaginei-me como seria massacrado do mesmo modo ou até pior.
Então, com o nervosismo à flor da pele, fui me apresentar. Nunca fui bom com a oratória, mas, especialmente naquele dia, estava mais apreensivo que o habitual e isso se refletia nas minhas palavras incertas.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Redoma

Cena do filme "O Show de Truman" de Peter Weir
Eu queria explorar o mundo
Por trás da minha imaginação, lá nos confins do desconhecido
Onde o horizonte possa se aproximar de mim
E me mostrar os sonhos velados ao seu lado, vagarosamente
Todavia, eu me sinto enclausurado nesse vasto cenário de concreto
Repleto de performances coletivas, atores e atrizes em sincronia
Há tanto tempo eu vivo nesse programa 

terça-feira, 3 de junho de 2014

Minha Mãe

Cena do filme "Philomena" de Stephen Frears


    Minha mãe tem um coração puro, é meu porto seguro
    Onde posso despejar minhas incertezas e tristezas
    E sempre serei ouvido, não importa o ocorrido
    Com calma, ela acaricia a minha alma
    E me revigora nos seus braços queridos.

    Ela me faz acreditar na humanidade
    A valorizar a bondade,
    A não ser arrogante, a respeitar o intolerante
    Porém, com a cabeça erguida para a vida.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Fale Com Ela

Cena do filme "Fale com Ela" de Pedro Almodóvar

"Por que a pressa moça?
 Por que não se senta nesse banco da praça
 Diga-me o que se passa
 Eu sei que a sociedade exige a sua presença
 Porém, fique um pouco, aqui o tempo espera."

Não se preocupe com o estranho que te cumprimenta
Ele não te oferece perigo, ele só quer ser um abrigo
Para tudo o que te atormenta
Ele, pela aparência, não te julga
Nem, pelo pensamento, te devora
Ele quer entender a melancolia que te domina
Por trás do rosto de menina
E do esplendor do seu sorriso.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Roteirizando a Vida

Cena do filme "Os Incompreendidos" de François Truffaut

Eu ando carente de solidão
Carente daquela liberdade etérea e solitária
Eu ando carente de mim mesmo
Carente de não sentir carência social.

Essa necessidade de ser aceito, adorado, amado
Ocasionalmente, deixa-me preocupado
Será que estou fazendo tudo errado?
Será que estou sendo imitado?

domingo, 4 de maio de 2014

O Moribundo


Cena do filme "Melancholia" de Lars Von Trier

            “Doutor, eu quero todos os anestésicos possíveis.”

            Aqueles olhos vermelhos não enganavam, era um pedido de um moribundo que não suportava mais as dores do mundo, nem as de si mesmo.
            Fugir de uma realidade imposta, supostamente natural.
            O moribundo queria sorrir sem pensar e nem recordar que sorriu um dia, quando o mundo cabia em uma rua, quando viajava nas alamedas de suas perspectivas.
           Desistiu cedo demais, enterrado por suas convicções impulsivas. Desistiu de si mesmo e da mudança que considerava ilógica.

terça-feira, 15 de abril de 2014

Instantes Constantes



 Cena do filme "Lembranças de outra vida" de Carlo Carlei 

E como uma criança despreocupada
Nem notava que a felicidade era uma constância
Era enxergar a grandeza do mundo
Com os olhos doces da infância.

Vitor Costa

terça-feira, 1 de abril de 2014

Célere Distopia

Pôster do filme "Brazil - O Filme" de Terry Gilliam

            O escritório estufado, a vista pela janela das fábricas funcionando incessantemente no meio de árvores que compõe um mar verde infindável, as máquinas que camuflam os operários, e, ao toque do sinal ensurdecedor, tudo se esvai, como um devaneio cibernético, os homens readquirem sua condição humana e as máquinas se tornam vazias, suas engrenagens estáticas transparecem carência.
            Mais um dia que termina, mais um parágrafo que chega ao fim, e tenho a sensação que não escrevi tudo o que eu pretendia. Sempre há espaço para as palavras não ditas, assim como sempre há espaço para o que não vivi ainda.

Vitor Costa