segunda-feira, 4 de julho de 2022

Realista Euforia

Cena do filme "Ela" de Spike Jonze

Eu já colecionei paixões
Já vivi bem longe do chão
Idealizando homéricas ilusões
Esperando o mundo na mão 

quinta-feira, 24 de março de 2022

Zona de Desconforto

Vejo as ruas frias, mesmos tons e esculturas
Nada me inquieta, nada me surpreende 
Nessas gélidas molduras
que jamais mudam.

Esse espaço físico já não me é o bastante
Rotas previsíveis, rotina tépida
O tempo não se move
Apenas aguarda
uma espera inexorável
quase cínica
pela minha estática coragem.

Prevejo meus movimentos
Ando, mas não saio do lugar
E permaneço, na redoma invisível
que, com tanta inércia, construí. 

Sinto-me aprisionado 
pela minha ilusória liberdade,
pelos meus velhos hábitos 
e desejos voláteis.

No tempo, eu adormeci
um sono plácido 
de uma vida plástica,
onde tudo é familiar
e o mundo, uma pequena casa.
Mas, o cérebro, teimoso, recusa,
esquece, abusa, foge e retorna carente.

A evolução, brado a mim mesmo,
à esmo, não ocorre 
Teias devem ser cortadas
bolhas, estouradas 
e medos, afrontados.

É hora de acordar fora da mente.


domingo, 3 de outubro de 2021

O olhar ao redor

Na era das luzes
Todo mundo enxerga
O que quiser
E ignora o que convém
Nem vem me contrariar
Pois minha opinião é baseada em fatos surreais

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Uma Semana

15/06/2020

Nesse ínfimo espaço de tempo
Nessa fagulha instantânea
Blinde-se, blinde-se
Das explosões, das poluições, do tédio, do vazio, do desejo, do viril
Do que lhe parte a alma
Em cacos invisíveis
Porém afiados

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

PÊNDULO

A ausência do sentir
A saudade que oscila
[Uma hora quente
Outra gélida]
Pendula em mim
Entre a gratidão
E o vazio.

Por Vitor Costa

quarta-feira, 10 de julho de 2019

A Formiga e a Folha

Pôster do filme "Medianeras" de Gustavo Taretto

Em uma daquelas belas manhãs de inverno, onde a luz solar se recusa a esquentar e qualquer penumbra reserva uma brisa gélida, uma formiga chama a atenção de olhos invisíveis. Estática no meio do asfalto de uma rua pouco movimentada, ela carrega uma folha, resquício de outono, com um esforço muito além da aparência. A folha é imensa perto da formiga.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

ECOS

Cena do filme "O Selvagem da Motocicleta" de Francis Ford Coppola

De todos os carros, bizarros
De todas as roupas, transloucas
De todas as casas, sem asas

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Mais um, Menos um

Cena do filme "Lost in Translation" de Sofia Coppola

Sou mais um na multidão
Sou menos um na colisão
De corpos, veículos e estrelas

terça-feira, 10 de julho de 2018

(PA)REDE SOCIAL

Cena do filme "Anomalisa" de Charlie Kaufman

Eu vejo sua foto
em um lugar lindo,
sorrindo.

sexta-feira, 30 de março de 2018