Pedro, eu não tenho mais certeza se é amor, aliás, essa resolução talvez nunca tenha existido em meu ser. Não posso te garantir que não tentei, embora eu tenha consciência de que poderia ter resistido mais, ter tido maior paciência. Acontece que, talvez, eu tenha perdido a capacidade de amar alguém igual ou mais do que a mim mesma.
Hoje, eu realmente me amo, mais do que as pessoas me dizem. Valorizo-me a cada instante, pois conheci a confiança e a autoestima segue meus passos. Andar de cabeça erguida me possibilitou enxergar, com uma maior clareza, a realidade e a visualizar o nevoeiro de carência que cerca os outros. Porém, às vezes, essa inabalável autossuficiência me preocupa. Qual é o meio-termo entre o egoísmo e o altruísmo? E entre a misantropia e a filantropia?
Eu estou tentando me justificar para você, mas não encontro um motivo plausível para cessar nossas atividades amorosas. Quanto mais procuro por razões, mais confusa me torno. Eu poderia dizer que sou complicada demais para você, mas seria uma desculpa tão trivial quanto dizer que não temos nada em comum.
Descobri que não sei amar, não do jeito que você esperava que eu te amasse, que eu retribuísse os seus sentimentos, por isso, lamento ao confessar que nunca tive perspectivas futuras com você, que eu jamais me imaginei constituindo família ao seu lado (aliás, eu nunca pensei seriamente em constituir uma família), embora eu enfatize que você é um cara muito interessante e admirável. Eu realmente queria te amar, mas não amo.
Eu ainda não desvendei o sentido da minha vida, o meu particular e infinito sentido. Antes, eu acreditava que o encontraria em outra pessoa, mas, agora, tenho certeza que, qualquer que seja esse sentido, não tem tanta relação com a humanidade.
Enfim, não espero que você me compreenda ou que me perdoe, apenas que você saiba o quanto me afetou ao ponto de eu questionar todas as minhas convicções e quase me apaixonar.
P.S.: Pedro, eu sei que você está pensando isso, mas não sou lésbica, embora eu tenha fantasias com mulheres, e nem uma feminista fanática que odeia os homens.
Por Vitor Costa
Por Vitor Costa
Adoro seu raciocínio e suas metáforas, Vitor. Comentei aqui antes, mas infelizmente o blogger não tá indo com minha cara e recuperou a página antes do clique em ''publicar" (¬¬). Você lacrou tudo fechando este belo texto com Bowie. Parabéns *-*.
ResponderExcluirBeijos ;)
Faroeste Manolo
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Obrigado Hell, sempre importante a sua visita aqui! ;-)
ExcluirBeijos.
Massa!
ResponderExcluirUm término nada clichê como "o problema não é você, sou eu", ao mesmo tempo em que mostra maturidade, sinceridade e transparência.
Adorei a ideia ;)
Beijoo
Muito obrigado Simone! Que bom que gostou dessa ideia ;-)
ExcluirBeijos!
Sincera, segura e sensacional essa mulher! Li numa só golada!
ResponderExcluirAbraço!
Obrigado Deise! Também admiro bastante essa mulher rs
ExcluirBeijos
Só o homem "civilizado" ama, se apaixona, sei lá, complica tudo, classifica, dá nome, tenta entender. O índio se junta, alisa, procria, simples assim.
ResponderExcluirPois é Fábio, esses dilemas são inerentes ao modo de vida civilizado, às regras sociais e à urbanização do amor. Certamente, para seres mais pragmáticos como os índios, o amor é algo mais simples.
ExcluirVITOR,
ResponderExcluircheguei até aqui através de uma visita que fazia ao blog Bem-me-quer-Mal-me-quer da Simone e estou surpreso com a qualidade excepcional do seu trabalho o qual já li uma boa parte e tornei-me seu seguidor.
Tenho alguns blogs e pelo pelo seu perfil sugeriria o FALANDO SÉRIO (http://ptamburro.blogspot.com.br).
Muito bom e estarei sempre por aqui.
Um abração carioca.
Fico muito grato pela visita Paulo, espero que retorne mais vezes ;-)
ExcluirIrei visitar com muito prazer esse blog que me recomendou.
Um grande abraço paulista.
Compreendi o texto, pois sempre me contentei em ser a pessoa que ama mais do que a outra. Talvez essa carta devesse ter sido escrita para mim, algum dia.
ResponderExcluirGostei da forma com que você mostrou que o fato de não haver amor, não significa que a relação não foi digna de aprendizado, muito menos que os momentos vividos não valeram a pena.
Você é foda e sempre me surpreende, escritor!
Beijo.
Obrigado Carol, adorei seu comentário. Espero muito que você não receba uma carta assim, mas, se receber saiba reconhecer o valor de tudo o que viveu.
ExcluirPois é, as relações devem ser munidas de aprendizado, não devem ser em vão. O importante não é o quanto ela vai durar, mas a sinceridade e intensidade da relação.
Beijos querida!
Gostei muitíssimo do texto, Vitor! Reflete bem a importância do amor-próprio, ao meu ver..
ResponderExcluirRemeteu-me a uma citação de Richard Bach: “Durante anos esperamos encontrar alguém que nos compreenda. Alguém que nos aceite como somos, capaz de oferecer felicidade apesar das duras provas. Apenas ontem descobri que esse mágico alguém é o rosto que vemos no espelho.”..
Tenha uma ótima tarde! Um abraço
Pois é Vane, esse é o amor primordial para ser feliz.
ExcluirMuito bela e contundente sua citação. Adorei.
Obrigado pela visita!
Abraços
Adorei, Vitor.
ResponderExcluirSeus textos conseguem ser sempre interessantes, nos proporciona a vontade de querer ler mais.
Muito obrigado Helen. Sempre uma honra recebê-la por aqui e saber que admira os meus textos.
ExcluirBeijos!
Modern Love, que sacada foda *-*
ResponderExcluirEu ia colocar mais palavras aqui amigo, mas para esse texto a galera já comentou muito do que eu iria dizer, vou ser breve: ficou muito bom e lúcido *.*
xoxo
Obrigado amigo, eu adoro essa música do Bowie e achei que combinou com o texto rsrs
ExcluirPois é, essa lucidez é cada vez mais rara nas relações passionais né.
Grande Abraço!!
Gosto da espetacular cena em que Frances Ha dança pelas ruas de Nova York ao som Modern Love do Bowie.
ResponderExcluirGosto mesmo.
=)
Que bom que gosta Priscila, eu também gostei muito, essa cena me marcou.
ExcluirBeijos!