Cena do filme "Mad Max: Estrada da Fúria" de George Miller
O novo "Mad Max: Estrada da Fúria" chegou para quebrar os paradigmas empoeirados do cinema de ação. Aqueles clichês que anestesiam, tamanha suas repetições, previsibilidades e fórmulas esquemáticas. Táticas elaboradas para capturar a massa letárgica.
Pra que explicar tanto?: Eu explico, tu explicas, ele explica, nós explicamos... os filmes explicam. Nem sempre é interessante encher o filme de explicações, principalmente quando são desnecessárias e subestimam o intelecto do espectador. Tudo mastigado para que não haja dúvidas e descontentamentos, Morgan Freeman que o diga, no final pateticamente didático de "Guerra dos Mundos". Em "Mad Max" não há grandes narrações em off que expliquem a realidade do filme, não há aquele personagem que explica tudo para o público e nem aqueles momentos de reflexão acerca do passado, que tantos protagonistas de ação costumam ter em algum momento da película. No mundo distópico e selvagem de "Mad Max", não há tempo para pensar.
Quem é o protagonista?: Na vasta maioria dos blockbusters, fica claro quem é o protagonista e quem são os coadjuvantes, porém, em "Mad Max", por mais incoerente que possa parecer, o personagem-título não é o grande protagonista. Optando por dar mais espaço de tela para a Imperatriz Furiosa (Charlize Theron em uma atuação formidável), o diretor George Miller (responsável pela Trilogia Original) realizou uma estratégia arrojada de tirar boa parte do foco de Max (Tom Hardy, bom ator, porém, ainda bem distante do carisma de Mel Gibson) e dividi-lo com ela, tornando a ação mais homogênea e Max, mais dependente.
As mulheres detonam (sem apelar ao sexo): Talvez seja esse o ponto mais audacioso do filme, pois, outrora reduzidas a vítimas, objetos sexuais ou interesses românticos do herói, as mulheres em "Mad Max" são destemidas e imponentes, deixando muito marmanjo na poeira (literalmente). Embora brutalizadas, tais mulheres, em especial Furiosa, não perdem sua essência feminina e transparecem emoção e beleza em certos momentos. Da mesma forma, a tão comum tensão sexual ou o despertar da paixão entre o casal protagonista, felizmente, não ocorre no filme.
Nesse contexto, é um verdadeiro absurdo a campanha que ativistas pelos direitos dos homens estão fazendo contra o filme. Parece piada e daquelas de mau gosto.
Ação plausível e aplaudível: O cinema de ação vem sofrendo uma desconfiguração crescente da sua essência, motivada pelo excessivo uso da tecnologia do CGI. Toneladas de efeitos especiais são utilizados para tornar crível o surreal, para concretizar cenas inimagináveis que só puderam ser elaborados devido ao desenvolvimento dessas técnicas. No entanto, embora muito bem empregada em alguns filmes, essa tecnologia torna as cenas de ação tão impressionantes quanto artificiais. Nesse âmbito, George Miller preferiu voltar ao passado para repaginar o presente, utilizando, majoritariamente, efeitos práticos e comandando as cenas de ação como um maestro lidera uma orquestra. Cada uma delas parece que foi pensada como um sincronizado espetáculo artístico em movimento, uma sinfonia plástica realizada com pessoas, carros e explosões REAIS.
"What a lovely day!"
Enfim, esses são alguns dos motivos que tornam "Mad Max: Estrada da Fúria" um dos melhores filmes de ação dos últimos tempos, realizado por um senhor que não só reinventou a sua própria franquia, como também o cinema de ação como um todo.
Por Vitor Costa
Por Vitor Costa
Bom dia Vitor.. ainda veremos alguns filmes mais ajeitadinhos..
ResponderExcluirpq na grande maioria tem se tornado tudo repetitivo e quem os cria não tem mais o que tirar, quando começam a fazer como meu pai diz..
aquela vez saiu tubarão.. foi maravilhoso.. depois veio tubarão 2, 3, agora é tubarão em lagos, tubarão pra tudo que é lado srsr dai se percebe que tudo fugiu e é por dinheiro, sempre por dinheiro..
não vi o mad max... verei mais a frente pois aqui nem cinema tem rsrs
é o fim
abraços
Nossa Samuel, sei bem como é essa desvalorização da cultura, na minha cidade tem cinema, porém, foram extintas todas as locadoras de filmes, que eu costumava chamar carinhosamente de santuários, onde passava aprazíveis horas me deliciando com as opções de filmes disponíveis.
ExcluirPois é caro, esse Mad Max foge à regra das continuações caça niqueis que vemos em batelada por aí.
Abraços
Como assim, cadê os versos? Tá parei, foi bacana passar aqui e ver uma boa mastigada dessa delícia da sétima arte. Desde pequeno, fui criado pelos meus irmãos, eu aprendi a amar o Cobra, Mad Max, entre outros personagens pikdasgalaxys! E confesso que foi uma surpresa foda quando soube do novo Mad e ainda mais com o George na direção, e melhor, o Tom como Max, afe, quase caí de costas. Ouvi muitas pessoas, os haters, com aquele blá blá blá de que não daria certo, e porra! DEU SUPER CERTO, foi supimpa.
ResponderExcluirLembro dos três primeiros filmes, carregados de lições de moral, e eram embelezados apenas pela imagem mothafucka lobo solitário do personagem, mas no fundo também passava questões filosóficas e psicológicas. Não imaginei que o novo teria tamanha abrangência além da ação, mas no pouco que é dito e muito que é mostrado, eu me apaixonei pelas reflexões das entrelinhas, desde imoralidade, as questões ambientais, sociopolíticas e econômicas - super mascaradas -, a igualdade sexual, de fato, e outros pontos que nem vou comentar para não prolongar... Belo como cinema mudo, não?
Amei o post, man <3
Até mais rs
xoxo
Adorei seu comentário Washington, ele complementa o meu texto perfeitamente. Você tem total razão, a imagem diz tudo em Mad Max, nunca foi uma franquia apoiada em diálogos e sim, na força de suas mensagens visuais, ocultas em um mundo distópico e peculiar, no qual a natureza humana se liberta de regras e moral em prol da lei do mais forte. Há uma boa dose de Darwinismo no filme também hehe
ExcluirCara, somos muito parecidos, cresci adorando esses fodões do cinema de ação também haha
Abraços caro.
Uma coerente resenha.
ResponderExcluirSó faltou citar uma coisa: trilha sonora absurda de boa. Impecável. Tudo de mestre.
De resto, não se sente falta nenhuma do Mel Gibson.
Realmente, George Miller fugiu do costumeiro filme de ação hollywoodiano com testosterona comendo solta ao som de rappers boca suja e mulheres semi-nuas... Só por isso, merece respeito.
E tem sim minha admiração na sétima arte.
What a lovely day (2)
=)
Bem lembrado Priscila! A trilha sonora é realmente fantástica, ainda mais misturada com aqueles carros com percussões e o guitarrista maluco hahaha
ExcluirAh confesso que senti um pouco de falta do velho Mel Gibson, imagine um Mad Max velho e bad ass! Acho que seria incrível também, porém, do jeito que ficou, não fez tanta diferença, já que o foco não é só dele.
Obrigado pelo comentário querida!
Boa noite querido Vitor!!!
ResponderExcluirSaudades do blog, ando tão sumida... e quando sinto saudades daqui, sinto de ti e do teu blog, é claro.
Poxa, quanto tempo não via/lia algo nesse gênero por aqui... claro que existiam postagens relacionadas, mas acredito que há tempos você não parava pra resenhar um filme.
Enfim, acho que não só pelos motivos que tu descreveu, mas mais ainda por ter te feito ressuscitar esse lado, esse filme deve ser muito bom. Vou assistir.
Vem cá, tudo bem?
Beijo!!!
Anda sumida mesmo Carol! Deve estar atolada de coisas para fazer do seu TCC, sei como é rsrs Mas, sempre quando você aparece por aqui, dá um ânimo maior para escrever :-)
ExcluirPois é, fazia tempo mesmo que eu não escrevia sobre um filme específico, mas é que eu senti a necessidade de expressar minha opinião também em forma de uma singela resenha, ainda mais sendo parte de uma franquia que marcou minha vida cinéfila rsrs
Tudo indo, aprendendo mais do que ensinando rs e você?
Beijos ;-)
Moço, deixe-me falar: você escreve muito bem. Se repito a afirmação já tantas vezes feita, é porque até então eu só tinha tido acesso aos seus escritos literários. Acabo de perceber que em textos objetivos, tais como este artigo de opinião, você também se supera! Cada palavra foi bem colocada e está apta a convencer o leitor. Quero dizer, você me convenceu. Estou crente de que o filme é mesmo bom, principalmente no que diz respeito à participação ativa (e não sexualizada) de mulheres no enredo.
ResponderExcluirQue bom saber disso Lari!! Me alegro muito saber que você considera minha escrita versátil:-) Eu tento, sempre que possível, sair da minha zona de conforto e transitar por gêneros diferentes de escrita, como um tipo de auto-desafio rs Também posso dizer que reconheço essa característica em você, já que li alguns textos de sua autoria sobre temas bem distintos do seu natural e ficaram ótimos também ^^
ExcluirBeijos!
Poxa que resenha!!!!! Que critico de cinema extraordinário! Fiquei ansiosíssimo para assistir agora, menino prodígio! Abraço!
ResponderExcluirAssista mesmo poeta! Acredito que irá apreciar! Comente comigo quando tiver visto ;-)
ExcluirAbraços
Tu és bem apaixonado por cinema hem?Ótima resenha/critica.
ResponderExcluirbjo
Como você percebeu isso Ariana? haha Desde criança amo os filmes, eles são como guias espirituais, psicológicos, culturais, passionais... da vida, além de serem a minha melhor forma de escapismo.
ExcluirObrigado pelo elogio ;-)
Beijos!
Vítor, eu vejo paixão aí. Admiro muito como você descreve, como tua opiniao é profunda, como consegue despertar a vontade de ver.
ResponderExcluirSaudades daqui.
Beijos
Que bom que gostou Simone! e que ótimo que tenha aparecido por aqui novamente ^^
ExcluirSua presença é sempre bem-vinda e enriquecedora.
Beijos querida!
Cara, Mad Max é um dos melhores filmes que eu vi ultimamente. E o pior é que quando eu vi o trailer realmente não dava NADA pra ele, até que um monte de gente começou a elogiar demais e eu fui conferir.
ResponderExcluirSensacional.
A parte da sonoplastia, que você comentou, também me chamou muita atenção. Achei todos os aspectos do filme extremamente competentes e bem feitos.
Trila sonora, roteiro, e aquele visual absolutamente fooooda.
E com certeza, a quebra dos clichês e toda essa coisa envolvendo as personagens femininas. Está deslumbrando todo mundo. Eu vi o filme inteiro pensando que o Max ia pegar a Furiosa e estragar tudo. Mas nada disso. O filme foi perfeito.
ps: O que os "ativistas pelos direitos dos homens" estão dizendo? Não fiquei sabendo. :/
Pois é Mari, confesso que não esperava muita coisa também, ainda mais sabendo que o Mel Gibson não iria participar, porém, o filme superou muito as expectativas. E foi um dos filmes mais autorais e libertos de clichês dos últimos anos, pelo menos dentre os que eu tenho visto.
ExcluirSobre os ativistas "caras-de-pau", expliquei um pouco no seu blog rs
Beijos!
Vitor, você manda muito bem com as palavras. Até ontem apenas gostava muito de filmes. Apartir de hoje terei outra visão.
ResponderExcluirParabéns, você desperta a vontade e a curiosidade de ler cada interpretação sua.