Cena do filme "Lost River" de Ryan Gosling
Novamente aquela indecisão irrompia da sua mente, olhava tantas vezes para o espelho que sempre encontrava algum mínimo defeito. Sua aparência não o agradava por completo, nunca o agradou, aliás.
Porém, naquela noite, havia jurado, pela sua coleção de Hentais, que seria diferente daquele nerd que balbuciava palavras ininteligíveis e que, das garotas, desviava o olhar como vampiro fugindo da luz solar.
Mais uma encarada no espelho. Meu cabelo está uma merda e foi nascer, justo agora, esta porra de espinha bem na minha testa. Sinais que, outrora, fariam-o desistir de imediato e passar mais uma noite sorumbática na companhia das suas omissões, mas, dessa vez, conseguiu perceber que eram apenas táticas de auto-sabotagem para acomodá-lo no seu mundinho confortável e previsível.
Decidiu evitar o espelho e atravessar sorrateiro a sala até a porta, afinal, já estava quase na hora, porém, não sem antes passar pelo constrangimento de se despedir dos pais.
- Primeira festa do meu filhinho! Que orgulho! Já sabe, né. Sem bebidas, drogas e cuidado com travestis!
- É como você pedir para o garoto ir à piscina e não se molhar. Deixa ele se divertir. Na idade dele, eu passava o rodo mesmo. Boa sorte garoto, já estava na hora. - Retrucou o pai.
- Passava né? Então, por que não vai ao banheiro que você deixou todo encharcado e passa o rodo para se lembrar dos velhos tempos, hein?
Antecipou a continuidade da discussão e saiu em disparada. Não sei o porquê dela se preocupar tanto, é só uma festa idiota, aliás, por que mesmo estou indo para essa festa idiota? Cessou suas divagações, pois sabia que a insegurança o consumiria, por isso, a cada passo dado rumo à festa, menos queria pensar.
Carnage Club! Esse era o local de que tanto falavam, mas que, aparentemente, não lhe causou estupefação. Havia uma entrada, cingida por luzes encarnadas, que dava acesso a uma escada infindável em direção ao subterrâneo. Com uma certa hesitação, percorreu os degraus íngremes e chegou até uma imensa porta de madeira, onde havia um segurança da mesma proporção.
- Ingresso?
Atabalhoadamente, procurou-o em seu bolso, entregou ao montanha e aguardou que ele abrisse a porta. Por que estou aqui? Seria bem melhor ter ficado em casa assistindo "Um Drink no Inferno".
Ao entrar naquele ambiente hostil e caótico, sentiu aquela sensação familiar de deslocamento. Tudo lhe parecia estranho, sem sentido, ainda mais porque ele não bebia como os outros. Um gole aqui, outro lá, passos apertados e os olhos inquietos, observando com o detalhismo de um espião, as pessoas se transformando em zumbis bêbados. Aquele cenário, antes intimidador, agora o entretinha. Então, em meio ao barulho infernal e ao cheiro onipresente de maconha, pôde avistar no outro lado do salão, uma garota que aparentava estar tão perdida quanto ele. Vou ou não vou? Vou ou não vou? E agora? Chega de ser covarde! E com o coração entalado na garganta, caminhou sobre sua timidez pela primeira vez.
- É como você pedir para o garoto ir à piscina e não se molhar. Deixa ele se divertir. Na idade dele, eu passava o rodo mesmo. Boa sorte garoto, já estava na hora. - Retrucou o pai.
- Passava né? Então, por que não vai ao banheiro que você deixou todo encharcado e passa o rodo para se lembrar dos velhos tempos, hein?
Antecipou a continuidade da discussão e saiu em disparada. Não sei o porquê dela se preocupar tanto, é só uma festa idiota, aliás, por que mesmo estou indo para essa festa idiota? Cessou suas divagações, pois sabia que a insegurança o consumiria, por isso, a cada passo dado rumo à festa, menos queria pensar.
Carnage Club! Esse era o local de que tanto falavam, mas que, aparentemente, não lhe causou estupefação. Havia uma entrada, cingida por luzes encarnadas, que dava acesso a uma escada infindável em direção ao subterrâneo. Com uma certa hesitação, percorreu os degraus íngremes e chegou até uma imensa porta de madeira, onde havia um segurança da mesma proporção.
- Ingresso?
Atabalhoadamente, procurou-o em seu bolso, entregou ao montanha e aguardou que ele abrisse a porta. Por que estou aqui? Seria bem melhor ter ficado em casa assistindo "Um Drink no Inferno".
Ao entrar naquele ambiente hostil e caótico, sentiu aquela sensação familiar de deslocamento. Tudo lhe parecia estranho, sem sentido, ainda mais porque ele não bebia como os outros. Um gole aqui, outro lá, passos apertados e os olhos inquietos, observando com o detalhismo de um espião, as pessoas se transformando em zumbis bêbados. Aquele cenário, antes intimidador, agora o entretinha. Então, em meio ao barulho infernal e ao cheiro onipresente de maconha, pôde avistar no outro lado do salão, uma garota que aparentava estar tão perdida quanto ele. Vou ou não vou? Vou ou não vou? E agora? Chega de ser covarde! E com o coração entalado na garganta, caminhou sobre sua timidez pela primeira vez.
Por Vitor Costa
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirCaramba, que conto ótimo! Estou me pergunto se devo te pedir uma continuação ou me contentar com o final dele por aqui, a fim de imaginar, eu mesma, o que pode ter acontecido...
ResponderExcluirOi Lari! Quanto tempo! Como é bom receber um comentário seu! Na verdade, eu estou elaborando uma continuação, mas ainda não sei se continuo kkkkk
ExcluirBeijos
Você é imbatível nos contos, não e de hoje que eu lhe admiro, rapaz. Tem estilo. Um Drink no Inferno... Tudo ia bem até aquela cena memorável da Salma Hayek, indescritível, belíssima, sensualíssima, quando saiu aqueles vampiros do nada, oxi! Detonei o vídeo cassete! Que odio! rs. Tu é o cara, Vitão.
ResponderExcluirMuito obrigado pelas palavras, Mestre! Uma honra tê-lo no meu empoeirado espaço!
ExcluirHahahaha Salma Hayek está de outro mundo no filme mesmo, amigo!
Grande Abraço
Adorei, Vi. Texto fluido, ficou com gostinho de quero mais e ainda consegui notar uns flashs de Vitor no texto. Escreva mais!
ResponderExcluirMuito obrigado pelas palavras e pelo apoio, Mari! Isso é muito importante para mim! Sim, geralmente eu coloco alguma coisa de mim nos textos, mal de escritor hahahaha
ExcluirNão sabia que você tem "Costa" no seu sobrenome, será que não somos parentes distantes hahaha
Beijos. Mais uma vez obrigado pela visita e volte mais ;-)
A tua escrita é primorosa, pois você consegue mesclar uma narrativa em terceira pessoa com as falas diretas do personagem, incrivelmente, sem citar os detalhes... consegui observar tudo.
ResponderExcluirEspero que tenha continuação. Torço pelos nerds.
Que bom que gostou, muito obrigado pelo comentário Olívia! Aliás, que nome lindo você tem :-)
ExcluirApareça mais
Beijos