segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Paint the walls with my brain

Cena do filme "Clube da Luta" de David Fincher


Desligou a TV de 50 polegadas, enxergou o seu reflexo na tela em silêncio, a poltrona levemente reclinada, as paredes vermelhas, harmonizando com o exuberante jogo de sala. A janela aberta exibindo o fim do dia e o início da epifania. Aquele filme havia mexido com ele de um modo inédito em sua vida, não esperava que o comentário "Um Soco na Mente", escrito na parte de trás da capa do filme, fosse tão verdadeiro.

Olhando fixamente para a sua imagem, remoía todas aquelas frases cuspidas da boca feroz de Tyler Durden, seu ídolo instantâneo, a personaficação do inconformismo e do caos. Geralmente, a dissociação entre cinema e realidade era natural em sua vida, porém, os dias corriam e as palavras de Tyler permaneciam. A rotina era a mesma, mas algo nele havia radicalmente mudado. As distrações eram inúteis. O seu predominante pensamento era: "Está tudo errado, minha vida é uma puta farsa".

Certo dia, em uma rara reunião entre os ex-colegas de faculdade, conversou com um dos seus melhores amigos acerca do filme:

- O quê? Você realmente está pensando nisso? Você está confundindo as coisas... É apenas um filme, cara!

- Jack, pense bem... nossas vidas estão estagnadas. Estamos sendo enganados e manipulados pelo sistema. Tyler tem total razão... somos a merda ambulante que mantém o mundo consumista funcionando... Sem nós, essa porra de sistema morre. Precisamos libertar as pessoas.

- Concordo com você, somos marionetes, mas nossas gaiolas são seguras, repletas de certezas e... confortáveis. Cara, não faça isso... Você tem esposa e filho, se continuar com esse plano insano poderá perder tudo o que ama. Eu sei do que você precisa... Garçom, traz uma dose do seu melhor Whisky para meu amigo revolucionário aqui!

- Não precisa Jack, eu não gosto mais de Whisky... Estou indo embora, foi bom te ver. Pense na minha proposta.
...

Continua nas mãos talentosas de uma excelente escritora: Mari do Nevermind the Bullshit



16 comentários:

  1. Boa noite Vitor..
    os filmes não mostram tantas coisas não é..
    recentemente uma pessoa me indicou este filme... Os agentes do destino..
    se não viu veja.. excelente..
    mas terei de rever o mesmo para captar tudo.. ela viu umas 10 vezes rsrs
    e ela é tri cabeça para filmes e espiritualizada.. rsrs
    bem.. outro que me indicaram é o décimo terceiro degrau..
    este ainda não vi..
    em todo filme tem algo para nos despertar..
    matrix tb..
    é o que esta hj em dia.. a matrix chamada terra..
    só nos resta despertar e por nós mesmos.. ótima abordagem. abraços

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    1. Boa noite Samuel, eu vi esse Os Agentes do Destino, achei uma boa ficção científica, inusitada até o aproximar do fim, quando ele se torna um pouco clichê. Não gostei muito do final rsrs
      Esse Décimo Terceiro Grau, eu nunca vi, vou pesquisar acerca dele.
      Valeu pela dica e pelo comentário.
      Abraços

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  2. Realmente tem filmes assim, que acabam e continuam em nossa mente. Um desses filmes, "socos no estomago" como disse que me marcou foi "Um Dia de Fúria" excelente, fiquei impressionado, Victor, todos nós na pele do personagem de Michael Douglas, um cidadão comum que num surto de cólera, sai por ai resolvendo tudo a sua maneira, como um rolo compressor, contra um sistema opressor e hipócrita. Adore! Fiquei impressionado feito um rapaz da foto. A proposito, era cinéfilo de carteirinha no passado, mas, nunca assisti "O Clube da Luta" dizem que é bom. Abraço.

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    1. Pois é Fábio, "Um Dia de Fúria" é realmente muito bom e, injustamente, subestimado.
      Volte a ser cinéfilo Fábio, garanto que não irá se arrepender e assista "Clube da Luta" quando puder, vai fazer você refletir muito.
      Obrigado pelo comentário.
      Abração

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  3. Clube da Luta é um dos melhores e mais inspiradores filmes que já vi!
    É o tipo de filme que nos faz refletirmos sobre o que realmente tem importância em nossas vidas..

    Seu texto retrata bem a principal mensagem do filme, a crítica ao consumismo desenfreado que faz parte do sistema capitalista. Cada vez mais as pessoas se submetem a este sistema.. Isto é triste.

    Estou ansiosa para ver a continuação da Mari! rs
    Um abraço..

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    1. Realmente Vane, "Clube da Luta" continua impressionando por sua crítica ácida ao nosso estilo materialista de vida.

      Obrigado pelas palavras, quis transportar um pouco da influência do filme para a vida real

      Também estou ansioso rs

      Beijos

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  4. Lindo Querido.....
    Acredito sim que há coisas que mudam nossa vida, o nosso ser em si!
    Ás vezes uma palavra muda tudo!
    Manu

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    1. Verdade Manu, concordo plenamente!
      Tem coisas que mudam a nossa vida de um jeito irreversível.
      Beijos

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  5. Como sempre eu vou ser do contra, hahaha, posso mover o contexto do texto para os livros? Porque poxa vida, ah!, como existem livros assim, que exercem esse impacto tal qual o filme que você citou, Vitor! Sei que tu é cinéfilo, mas pra mim que estou entrando nesse mundo agora (e confesso que um pouco por influência sua) me identifiquei mais e consegui sentir e relembrar dessas sensações quando lembrei de certos livros!

    Ótimo texto, estou ansiosa para ver a continuação. Obs: quero fazer uma parceria também!! :-P
    Beijos

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    1. Hahaha Entendo o seu ponto de vista Carol, o próprio livro "Clube da Luta" mexeu muito comigo também. Eu escolhi o filme porque eu fui criado por filmes e eles tem um poder inigualável sobre mim, apesar de que estou lendo mais do que de costume rs

      Fico muito feliz que eu tenha influenciado você a assistir mais filmes :-)

      Muito obrigado, também estou ansioso! Podemos fazer uma parceria sim, eu iria adorar ;-) Beijos

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  6. AMEI <3
    Já estou trabalhando na continuação, pode deixar que já vem rs

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  7. e o sistema conversa com a gente, e a gente conversa com ele. simples.

    dentrodabolh.blogspot.com

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    1. O sistema finge ser surdo, apenas ordena, mas nunca escuta :-(

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  8. Cara, agora que li esse texto. Realmente ficou bom. E ser inspirado por Clube da Luta torna-o mais convidativo, principalmente pela crítica aguçada que o filme faz ao materialismo. Gostei da atmosfera do conto, bem próximo ao sentimento que o filme propõe. Ótima inspiração Vitor. E mais feliz em saber que a continuação é da querida Mari. Escreve muito essa menina.

    Abração!!

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    1. Que grande satisfação saber que um escritor nato e que já publicou um livro, gosta do que escrevo. É uma imensurável honra Alexandre. E fico, da mesma forma, contente que esse texto tenha te agradado. Foi totalmente inspirado no filme e a ideia da parceria foi da Mari que, como você ressaltou, escreve muuito.

      Grande Abraço Alexandre e não demore tanto para aparecer por aqui rs

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