domingo, 23 de abril de 2017

Afogando

Cena do filme "O Escafandro e a Borboleta" de Julian Schnabel

Na ausência do tato
Eu me debato
Como um verme, rastejo-me
Pelas paredes de titânio
Que seduzem meu crânio

Na ilusão do controle, adormeço em minhas teias
E me esqueço, todos os dias,
Do sangue que percorre minhas veias
E morro, um pouco por vez,
Quando finjo sensatez
Quando desfaço um plano
E escondo minha sujeira por debaixo do pano

Estou exaurido de tantas quedas
Desse ciclo de remorso e poemas
Estou cansado
De pensar que tenho paraquedas
Quando, de fato, tenho apenas algemas

A água que me sacia
Que me enche de confiança
Na verdade
É uma insidiosa fantasia
Que afoga minhas esperanças. 
  
Por Vitor Costa

10 comentários:

  1. Gosto da película citada: O Escafandro e a Borboleta, baita história de vida. Há um diálogo entre o protagonista e a ex esposa em que ele diz que seu escafandro a arrastará junto para o fundo do mar, e ela simplesmente diz que não se importa, ele também é uma borboleta. O curioso é que você fez-me lembrar do filme francês de Luc Bessom, Angel-A. Ambos os protagonistas se conhecem tentando arrastar seus escafandros para o fundo de um rio, numa ponte...

    https://www.youtube.com/watch?v=qcHXB0OB2gI
    =)

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Muito obrigado pelo comentário e pela dica fílmica, Priscila. Certamente irei ver ;)

      Excluir
  2. Sempre versos profundos, gosto muito disso. Recentemente estive imerso em reflexões e suas palavras me lembraram isso... Questionamentos sobre culpa, estar preso à si mesmo. É, pesado.

    Passe bem amg :)
    xoxo

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Pois é, meu amigo! Questionamentos pesados e necessários! Grande abraço! ;)

      Excluir
  3. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  4. O que seria da vida sem ilusão, a possibilidade de... Sem emoção. Séria apenas. Seria um pesado fardo a arrastarmos pelos dias. Sei que as vezes a vida nos trai, parece que vai, e... Mas também nos surpreende nos joga boias salva-vidas, no convida, nos mostra a oportunidade de pegar ou largar, a oportunidade ali, quando a gente menos espera, se diz espera. Mandou bem, hein, Vitor Costa? Arrasando também nos versos. Abraços!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Muito obrigado pelo comentário e elogio, querido amigo!

      Excluir
  5. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  6. Assustador de tão familiar.

    http://winterb-irds.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Que bom que causei alguma forma de identificação, Amanda! Abraços

      Excluir