segunda-feira, 20 de abril de 2015

Reino das Palavras

Cena do filme "Matrix" dos Irmãos Wachowski

Tirem-me daqui, do ócio, do precipício dos ideais, da alienação disfarçada de vida, da caverna dos hipócritas. Escuto sirenes, estão vindo me buscar? Não, mais um engano programado, mais um sinal da minha idiossincrasia perante as pressões da sociedade. Levem-me daqui, mas não me façam voltar a ser eu de novo, não quero o mesmo gosto de sangue, nem o odor dos cemitérios. Venham palavras!!
            Quero encontrar nelas o que não encontro em mim mesmo, quero me afogar no mar de letras, o tecido de expressões dinâmicas que me faz enxergar o verdadeiro sentido da realidade, palavras que não param de percorrer meus olhos fugazes.
Ocasionalmente, não consigo enxergar as coisas como são vistas pela visão trivial da alienação, tudo que consigo ver são potenciais inspirações para escrever, digo potenciais, pois inicialmente as palavras que vejo são confusas, abstratas, sem nexo, por isso sempre tento ordená-las, definir o lugar ideal para cada uma, para expressar o que elas querem dizer, porém, nem sempre sou bem-sucedido. É um árduo exercício, recompensado pela revelação única que a alocação harmônica das palavras proporciona. É como perceber a magnificência da vida, oculta nos seus mais ínfimos detalhes.

Por Vitor Costa

"Eu escrevo porque..." foi o tema proposto do Projeto Literário 16on16 para esse mês, ao qual, com imensa satisfação, faço parte. Confira os textos dos outros participantes:  ArianaBárbaraCamyliFernandaGhiovanaLianneLysMáiraMariNicolleThaísAlexandre


21 comentários:

  1. É como perceber a magnificência da vida, oculta nos seus mais ínfimos detalhes,
    Esse seu trecho, fez-me lembrar da opinião de dois grandes escritores desse mundo sobre as palavras: lembrei-me da Clarice Lispector dizendo que quando não escrevia, sentia-se morta. O tanto que sentia esse Reino da Palavra como um segundo coração pulsante, parte orgânica da sua vida. Já Fernando Pessoa, disse sobre escrever que, Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. Escrever nos afasta da vida por fazer dela um sono.
    Há verdade em todas as opiniões, visões, sensações, do universo,reino, mundo da palavra.

    São antiqüíssimas e recentíssimas. Vivem no féretro escondido e na flor apenas desabrochada ... Que bom idioma o meu, que boa língua herdamos dos conquistadores torvos ... Estes andavam a passos largos pelas tremendas cordilheiras, pelas Américas encrespadas, buscando batatas, feijõezinhos, tabaco negro, ouro, milho, ovos fritos, com aquele apetite voraz que nunca mais se viu no mundo ... Tragavam tudo: religiões, pirâmides, tribos, idolatrias iguais às que eles traziam em suas grandes bolsas... Por onde passavam a terra ficava arrasada... Mas caíam das botas dos bárbaros, das barbas, dos elmos, das ferraduras como pedrinhas, as palavras luminosas que permaneceram aqui resplandecentes... o idioma. Saímos perdendo... Saímos ganhando... Levaram o ouro e nos deixaram o ouro... Levaram tudo e nos deixaram tudo... Deixaram-nos as palavras.
    Pablo Neruda

    Meu Olá
    =)

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Que belíssimo comentário Priscila! Se você criasse um blog, certamente iria visitar com entusiasmo rs
      Beijos!

      Excluir
  2. Clarice Lispector pairou sobre você. Você tem uma habilidade incrível com as palavras, sabe manuseá-las ao seu favor de maneira impressionante. Seja bem vindo ao projeto, bom poder ler boa literatura!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Muito obrigado Lys! Eu que agradeço poder fazer parte desse Projeto muito interessante!
      Beijos

      Excluir
  3. Tu é um poeta cara. Parabéns, bem vindo ao projeto!
    beijos!

    ResponderExcluir
  4. Tudo a ser captado na engenharia de um mundo infindo. As potenciais inspirações que brotam dos cantos mais recônditos. Elas acabam se tornando espelhos de nós, tecidos com os quais costuramos roupas que caibam nos limites de nosso universo. Inspirador Vitor!!

    Abraços!!! Bom voltar por aqui!!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Fala meu querido Alexandre! Que bom vê-lo novamente por aqui! Sua presença é sempre muito especial!
      Grande Abraço

      Excluir
  5. olá vi :D espero que esteja bem... dei uma sumida, sem querer, faculdade me escravizando rs, mas estava acompanhando sem comentar, e agora comento :D sabe, senti a urgência do primeiro parágrafo, uma demonstração de necessidade que me parecia querer sair do real, talvez para uma utopia ou uma realidade mais concreta, vi duas pontas nisso, seja como for, as palavras são chaves para essa porta.

    tive que reler pois tu sempre consegue ser intenso rs ótima expressão amigo :D
    xoxo

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Faculdade é assim mesmo, principalmente em finais de semestre rs, por isso te entendo perfeitamente. Pois é meu amigo, bem isso mesmo, a urgência da salvação nas palavras!

      Abraços e obrigado pelo comentário!!

      Excluir
  6. Puts, e tudo parece tão fácil por de trás das palavras, né?

    Você transformou, definitivamente, a arte de escrever.
    Concordo com o Washington, o primeiro parágrafo parece que grita.
    Beijo

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Muito obrigado Carol!! Quis gritar mesmo, implorar ajuda para as palavras!

      Beijos querida.

      Excluir
  7. "Quero encontrar nelas o que não encontro em mim mesmo"
    Tudo é essa frase.
    Eu vejo amor pela palavra nas tuas palavras. E admiro, e respeito.
    Adoro aqui!

    Beijão
    P.s: Ando ausente dos blogs em geral, e isso é péssimo. perco muita coisa boa aqui! :*

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Muito obrigado Simone!! Também vejo amor nas suas, o que também me inspira :-D

      Beijos

      Excluir
  8. "Lutar com palavras é a luta mais vã. Entanto lutamos mal rompe a manhã. São muitas, eu pouco. Algumas, tão fortes como o javali. Não me julgo louco. Se o fosse, teria poder de encantá-las. Mas lúcido e frio, apareço e tento apanhar algumas para meu sustento num dia de vida. Deixam-se enlaçar, tontas à carícia e súbito fogem e não há ameaça e nem há sevícia que as traga de novo ao centro da praça." - Carlos Drummond de Andrade.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Espetacular trecho Fábio! Adorei de imediato! Drummond, sempre genial!

      Abraços poeta mestre!

      Excluir
  9. " Quero encontrar nelas, o que não encontro em mim mesmo. " Simples assim! Acho que essa é a melhor definição do porque eu escrevo!

    Parabéns Vitor!
    Beijos

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Que bom que se identificou Bárbara! ^^
      Muito obrigado!
      Beijos

      Excluir
  10. Palavras são conexões de sentimentos fontes inesgotáveis de expressões!! Parabéns pelo texto!!

    ResponderExcluir
  11. Palavras são conexões de sentimentos fontes inesgotáveis de expressões!! Parabéns pelo texto!!

    ResponderExcluir
  12. Palavras são conexões de sentimentos fontes inesgotáveis de expressões!! Parabéns pelo texto!!

    ResponderExcluir