segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Amnésia

Pôster do filme "Amnésia" de Christopher Nolan

Eu perdi o contato 
Com sua pele
Quando vi seu retrato
Sorrindo com ele.

O tempo escorrido
Líquido corrosivo
Que mata minha paz
Que, no limbo, deixa-me ferido.

Eu finjo falta de memória
Os detalhes, porém, são vivos
Aquela velha história
Que, no subconsciente, revivo. 

Uma mente sem lembranças
É o meu desejo mais forte
Esquecer a minha sentença de morte:

Condenado a te perder todos os dias
Como se fosse o primeiro.
Por Vitor Costa

14 comentários:

  1. Vitor, acho que nem cheguei a comentar contigo que terminei de assistir ao filme naquele dia, né? Esqueci.
    Cara, esse filme é muito bom. Confuso, confesso, mas genial demais a inversão temporal...
    "Feche os olhos. Feche os olhos e sinta. Sinta com o coração e com a alma. Você pode sentir os detalhes, os detalhes que nunca expressou com palavras. E você pode sentir esses momentos mesmo que não queira.
    Junte tudo e você conhece uma pessoa o bastante para saber a falta que lhe faz; então saberá que ama alguém" (e os diálogos são magníficos, risos).
    E teu poema? Acho que o desfecho forte diz tudo e no fundo tem muito a ver com o filme. Existem tantas coisas que desejamos esquecer, eu então, se pudesse, não lembraria de uma grande parte da minha vida, mas é complicado fingir que não se lembra de algo que sente. Bem, é isso, parabéns pelo poema maravilhoso, como sempre.

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    1. Fico muito feliz que tenha gostado do filme, Carol. Nem todo mundo assimila a montagem invertida do filme, muitos não tem paciência, mas, aqueles que, assim como você, imergirem no mundo confuso do personagem, apreciarão um filme sensacional e altamente reflexivo.
      Muito obrigado pelas palavras, fiz pensando no filme e, claro, na minha eterna paixão platônica rs
      Beijos

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  2. Bom dia Vitor..
    as vezes parece que estamos mergulhados em tal amnésia, pois acontecem tantas coisas em nossas vidas ligadas a relacionar-se e sofrer com o outro quando a pessoa não sente por nós o que nós sentimos..
    e disse bem, sempre fica no nosso subconsciente.. precisamos soltar o velho passado de nós senão a gente não molda o nosso futuro.. abraços e excelente fim de ano a vc tb.. até sempre

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    1. Olá Samuel, como sempre, sábias palavras.
      Um grande abraço.

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  3. O que posso dizer, além de que este poema foi um soco no meu estômago?!

    Poesia pra mim é isto, tem que nos afetar de algum modo.

    Tu és demais.

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    1. Obrigado pelo intenso comentário Helen.

      Fico extremamente lisonjeado, ainda mais vindo de uma poetisa tão talentosa como você ;-)

      Também te admiro muito.

      Beijos

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  4. bah, essa linha tênue entre passado, presente e futuro que pesa nas decisões e consequências e depois a bigorna que cai sobre nós com arrependimentos, pensamentos e devaneios :3

    intenso amigo, e esse filme também, mds <3
    passe bem e boas festas, ok?

    xoxoxo

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    1. Disse bem amigo, é uma bigorna realmente pesada. Insuportável, às vezes. Ainda mais quando ela é proveniente de uma omissão e a dúvida fica corroendo por dentro com o passar do tempo :-(

      Muito obrigado pelo elogio caro, passe bem também e tenha uma ótima comemoração de fim de ano ;-)

      Abraços

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  5. Mas como esquecer o que enraizou? Árvores fincadas não esquecem de suas raízes, senão que sentido teriam, que razão a deixaria de pé? Sentimentos infindos são como raízes de nossas árvore. E a árvore como o nosso sangue...

    Lindo poema Vitor.
    Feliz ano novo!!

    Abração.

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    1. Disse tudo Alexandre, "como esquecer o que enraizou? Árvores fincadas não esquecem de suas raízes, senão que sentido teriam, que razão a deixaria de pé?..." Formidável metáfora.

      Obrigado amigo, grande Abraço e um excelente 2015 pra ti. ;-)

      Abraços

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  6. Uau. Muito bom! Dos teus versos saltam sentimentos profundos.

    Beijoo'o
    flores-na-cabeca.blogspot.com

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    1. Muito obrigado Simone, fico feliz que tenha gostado ;-)

      Beijos e volte mais quando puder :-)

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  7. Lembrou de poema meu:

    SENTENÇA

    Fui condenado a te ver
    Como um vaso na estante,
    Como uma paisagem distante,
    Pelo mero deleite ocular...
    Deixando o desejo lá fora,
    Feito um cachorro preso.

    Fui condenado a me ver
    Sem o sentimento absoluto de posse,
    Como quem se comove
    Com as estrelas
    Só de vê-las,
    Só de tê-las ao olhar.




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    1. Que belo Poema, Fábio. Os dois realmente têm temas similares. Que adorável semelhança ;-)

      Abraços poeta.

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