sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Olhos Azuis


Cena do filme "Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças" de Michel Gondry

Naturalmente, a conversa se tornou íntima
E me vi envolvido pelas suas palavras doces e gentis
Pelo seu sorriso tão espontâneo e encantador
E a carência se esvaindo pela reciprocidade.

Quando percebi que você não era apenas um sonho
Que minha idealização era real
Foi como descobrir o sentido da vida
Pois ela só teria sentido ao seu lado

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Espiral


Cena do filme "A Estrada Perdida" de David Lynch

Depois de contemplar todos os sinais que lhe faltavam, decidiu abrir mão do casulo, do abrigo de sentimentos fósseis.

Por que eu tenho que ser decente nesse mundo doente?

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Quem é essa?

                          
     Cena do filme "Amantes" de James Gray
                   
Quem é essa dançando sobre a areia da praia deserta?
Quem é essa que me fita com os olhos do mar?
É um sonho? Só pode ser um sonho como sempre é
E o vestido vermelho, antes tão vívido, vai se esvaindo
Aqueles fios dourados que são levados pelo vento,
assemelham-se a cordas de uma harpa paradisíaca em movimento
Ela está se afastando lentamente, meus olhos estão anuviados
Mas eu sei que ela é real, tão real quanto o que eu sinto por ela
Apesar disso, eu não consigo alcançá-la, não consigo caminhar na areia
A realidade é tão estática, tão soturna que somente a breve ilusão de estar com ela
já me provoca um estado inebriado de júbilo que é tão intenso, porém tão efêmero.

Por Vitor Costa


domingo, 10 de novembro de 2013

Reino das Palavras

Cena do filme "Matrix" dos Irmãos Wachowski

Tirem-me daqui, do ócio, do precipício dos ideais, da alienação disfarçada de vida, da caverna dos hipócritas. Escuto sirenes, estão vindo me buscar? Não, mais um engano programado, mais um sinal da minha idiossincrasia perante as pressões da sociedade. Levem-me daqui, mas não me façam voltar a ser eu de novo, não quero o mesmo gosto de sangue, nem o odor dos cemitérios. Venham palavras!!
            Quero encontrar nelas o que não encontro em mim mesmo, quero me afogar no mar de letras, o tecido de expressões dinâmicas que me faz enxergar o verdadeiro sentido da realidade, palavras que não param de percorrer meus olhos fugazes.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Consumo, logo existo.


Pôster do filme "Clube da Luta" de David Fincher
A mesma imagem reaparece em minha mente, a visão do topo, do mais alto andar, telas de vidro na sala, um homem estagnado observa a realidade por trás daquelas telas. Ele está de terno com uma camisa azul por baixo. Esse homem sou eu. O que isso significa? Não sei, talvez um mero devaneio incongruente ou um sinal de que ninguém escapa do consumismo, aquele parasita que vai possuindo, paulatinamente, o ser invadido.
‘As coisas que você possui acabam possuindo você.’ – Tyler Durden

domingo, 27 de outubro de 2013

Estação Chuva

Glasgow
É verão
Sol, chuva, sol e sol
É outono
Chuva, chuva, sol e chuva
É inverno
Chuva, chuva, neve, sol e chuva
É primavera
Chuva, chuva, sol e sol
Não gostou de tanta chuva?
Não venha a Escócia

Henrique Iwamoto

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Aqui

Cena do filme "A Árvore da Vida" de Terrence Malick

Aqui há um mundo de ilusões
Aqui há o desconcerto da sociedade
Aqui há um céu de paixões
Aqui há um lampejo de sobriedade

Aqui, bem nos porões do coração,
Há aquela vontade de se libertar
De viver a saudosa canção
Que poucas vezes eu soube escutar

domingo, 20 de outubro de 2013

Rei do Martírio


Pôster do filme "Psicopata Americano" de Mary Harron

Do topo do seu castelo de mentiras
Espreitava o mar de luzes
Nenhum indício de placidez
Em meio ao caos do seu cerne.

Desceu da torre, sedento por fumaça
Respirou o ar puro da desordem
Nenhum sinal de sensatez
Orientando os seus passos

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Tinha, tem e terá uma pedra


O post anterior a este ("Marcas"), me fez lembrar de um dos mais populares (tanto no sentido de famoso e no sentido de linguagem) poemas de Carlos Drummond de Andrade, "No Meio do Caminho":

"No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra. 
Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra."

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Marcas

Pôster do filme "Magnólia" de Paul Thomas Anderson

A vida segue pela estrada sutil do cotidiano
Relações efêmeras, paisagens monótonas e amores diversos
Tudo emoldurado pelo cenário do mundo profano
Mas tenho esperança em marcas melhores com esses versos.

Deixaram marcas inexpressivas à humanidade
Poucos lutaram por um exemplo marcante
Ideologias perdidas pela corrupção da sociedade
Julgadora de pensamentos inovadores em ideias delirantes.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

O subjetivismo da tal felicidade

Conceitos e ideias abstratas foram, são e sempre serão assuntos tratados pela filosofia. A filosofia (do grego philosophía; philos = amor; sophia = sabedoria; portanto, significando “amor à sabedoria”) pode ser definida como sendo o “estudo geral sobre a natureza de todas as coisas e suas relações entre si; os valores, o sentido, os fatos e princípios gerais da existência, bem como a conduta e destino do homem” (Dicionário Michaelis). Há, por consequência, a clara relação desta definição com a afirmação apresentada logo na primeira frase deste texto.

O abstrato não é algo trivial, pois conta com algo que é imprevisível e extremamente subjetivo: a imaginação de cada ser humano, a percepção do mundo por nós, seres racionais. Se algo é abstrato, nada mais justo afirmar que é impossível analisá-lo de forma 100% objetiva. A própria ideia de abstração traz consigo um caráter de subjetividade. Mas há algo mais subjetivo do que o sentimento de plenitude, de satisfação e, porque não, felicidade?

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Auto-Retrato

Cena do filme "Donnie Darko" de Richard Kelly

Ilusões perecem em silêncio na escuridão
A vontade de fugir da realidade é constante
Imaginar minha vida sem mim é angustiante
Todavia, a mudança é certa e virá a imensidão.

A ética e a moral me definem melhor que eu
Tive medo de ser condenado pela minha consciência
Já voei pelos mares, já li pensamentos, já fui Romeu.
Sonhos distantes no escuro do quarto, paciência!

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

O crepúsculo das ideias e a incoerência desmedida

Cena do filme "Sonhos" de Akira Kurosawa

Só palavras, não há poesia nem estradas. Aqueles lugares dos meus sonhos, nos quais a vida é simples e, de fato, tudo é simples. E por que complicar a existência? Essa necessidade insólita de controlar a vida, buscar plenitude e, se o fim é inevitável, por que fingir sentimentos, por que não fugir, sem destino, sentir o que nos completa. Aquelas árvores tão distantes, as lembranças das garotas que eu nunca amei, das festas que eu nunca fui, das pessoas que passam despercebidas pelo meu caminho e eu, pelo delas. As noites em frente ao mar, as ondas que eu nunca pulei, o mundo surgindo com o dia, e o dia escurecendo minhas lembranças. As cidades, os prédios, todo o rastro de civilização que nunca visitei e todos esses lugares me soam tão próximos. Partes subjetivas que sempre me encontram e me recordam que racionalizar é prosaico.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Prólogo


Cena do filme "2001: Uma Odisseia no Espaço" de Stanley Kubrick

E ele escrevia e escrevia sem saber o que queria dizer. Aquelas palavras sem nexo, sem coerência, mas ele não se importava com essas regras e, muito menos, visava possuir reconhecimento por suas divagações insignificantes.
Ele não era o que escrevia, não era aquelas palavras tão espontâneas e verdadeiras. E não sabia o que fazer para trazer o mundo idealizado por letras para a sua tão estática realidade.
Perdia-se em hipóteses, em possibilidades de uma realidade distante daquela, estava à procura de um lugar ao mundo. E o mundo estava à procura dele.

Por Vitor Costa