sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

O Anti-Clichê - Parte I

Cena do filme "Os Sonhadores" de Bernardo Bertolucci

Sétimo andar de um prédio decrépito, o chão de concreto repleto de buracos, os vidros quebrados, quase não há móveis e os poucos ali, já estão em decomposição. Imaginem o cenário de um filme de terror, um lugar soturno, lúgubre, sem eletricidade, sem qualquer sinal de conforto, um silêncio aterrador, somente cortado por pombos que, ocasionalmente, batem suas asas em direção às janelas destruídas. Há também uma predominante escuridão, amenizada, apenas, por uma luz estridente vindo de uma desgastada câmera de filmagem. 

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Quase

Cena do filme "Procura-se Amy" de Kevin Smith

E eu ainda te procuro nos resquícios do passado
Nas marcas de poeira, na casa de madeira
Naquele cenário, hoje, pálido
Procuro-te em outros olhos, corpos
Portos de ilusões, 
Na seca das estações,
E só vejo fantasmas desfigurados.

domingo, 18 de janeiro de 2015

Orlas do Niilismo

Cena da série "True Detective" de Nic Pizzolatto

Aviso: cuidado para não caírem no abismo, ele possui uma profundidade imensa e, uma vez lá dentro, é quase impossível sair. Aconselho a permanecerem na borda. 

E se perdêssemos o sentido de tudo? E se soubéssemos que nada vale a pena? Por que fazemos o que fazemos? E se todas as dúvidas existenciais fossem apenas um alívio para buscar significado onde não existe nada? Para que acordamos todos os dias? Seria o ser humano um animal pretensioso que, apenas, tenta justificar a sua existência e a sua importância com teorias absurdas? Somos mais relevantes que os pernilongos que matamos? O mundo seria um lugar melhor sem nós? Denominamos sentimentos que já existiam muito antes de nós? Somos um mero acidente? A vida é apenas um sonho com um significado distorcido, com o desejo de ser 'alguém'? Por que o nosso pós-morte seria diferente do pós-morte de um cachorro na rua?

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Vista-me e se conhecerás

Cena do filme "Seven" de David Fincher

Só depois de raspar seus cabelos eu pude sentir aquela superfície aveludada, o crânio dela era tão macio que eu tinha vontade de amassar com um martelo, as suas lágrimas eram tão reluzentes que refletiam o meu gozo. Não vou dizer que eu não sou insano, mas e daí? Sou parte dessa merda que me jogaram, estou, apenas, devolvendo a cortesia.