sexta-feira, 27 de junho de 2014

Autômatos

Cena do filme "Eu, Robô" de Alex Proyas

Todos seguimos um padrão, letras, números, religião
Não acreditamos em nada que criamos, então imitamos
Seguimos exemplos, modelos de vida cientificamente aprovados
Não temos identidade, apenas documentos e consentimentos.

Esperamos por milagres, pelo prêmio da loteria, pelo sorteio no programa
E imitamos o astro da novela, o policial da favela, o jogador de fama
A garota da revista, a cantora narcisista, a princesa apaixonada
Para que, um dia, sejamos notados
Para que a nossa imitação de vida vazia seja finalmente recompensada.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Mil Passados e Nenhum Futuro

 Cena do filme "O Segredo dos Seus Olhos" de Juan José Campanella

          Recentemente eu assisti a um excepcional filme argentino chamado “O Segredo dos Seus Olhos” e uma frase proferida por um dos personagens do filme me chamou especial atenção. Em determinado momento da película, esse personagem adverte o protagonista Benjamín Esposito (Ricardo Darín), que é um sujeito extremamente obcecado pelas decisões e hipóteses do seu passado, de que se ele prosseguir com sua exploração incessante, remoendo todas as minúcias daquela época, vai acabar tendo “mil passados e nenhum futuro.” Essa afirmação me fez refletir de tal forma que eu decidi visitar, pela enésima vez, o meu passado não tão longínquo e tentar compreender o porquê da minha insatisfatória situação atual no âmbito profissional. Porém, sem criações dispensáveis, suposições infundadas e possibilidades ilusórias de novos passados, pretendo me ater somente ao meu “primeiro” e único passado.

          Cá estou novamente nessa encruzilhada, mas, dessa vez, o cerco está se comprimindo e me sufocando de um modo deveras aflitivo, diferente de 6 anos atrás, quando eu parecia mais resoluto, quando os vestibulares eram minha única preocupação e meu futuro estava bem alinhado com as expectativas que eu tinha.

quinta-feira, 19 de junho de 2014

O Show de Truman - O Show da Vida (Truman Show, The, 1998)

Antes de iniciar essa resenha, gostaria de dizer que estou inaugurando uma nova categoria de textos no blog, voltada a uma análise crítica de filmes diversos. Não sou nenhum crítico profissional, sou apenas um cinéfilo que deseja compartilhar suas impressões e considerações acerca de obras cinematográficas. Espero que apreciem de alguma forma.


Alerta de Spoilers!!

 Em 1998 Jim Carrey já havia se consolidado como um comediante de sucesso e comprovado seu talento para o humor em filmes como “Debi e Lóide” e “O Mentiroso”. Porém, o ator decidiu se enveredar por um ramo até então desconhecido para ele, um drama que seria dirigido pelo renomado diretor Peter Weir, conhecido por realizar obras com um elevado teor reflexivo, como “A Sociedade dos Poetas Mortos” e que se basearia em um roteiro original elaborado por Andrew Niccol, o realizador da perspicaz ficção-científica “Gattaca”.
 Felizmente, a aposta se revelou um enorme acerto para todos os envolvidos no projeto, “O Show de Truman” foi um dos melhores e mais originais filmes daquele ano e, ouso a dizer, da década de 90.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Time to Meet the Devil

Cena do filme "Apenas Deus Perdoa" de Nicolas Winding Refn

Era uma quarta de manhã, um calor descomunal e um TCC para apresentar. Apesar de aparentar total tranquilidade, eu estava tenso e tomei uma decisão que aumentou ainda mais aquele estado, a infeliz atitude de acompanhar a apresentação de meu antecessor, cujo tema do trabalho era similar. Ao perceber a boa desenvoltura do meu veterano ao se apresentar e, mesmo assim, as severas críticas recebidas por ele, principalmente, realizadas por um tal professor, imaginei-me como seria massacrado do mesmo modo ou até pior.
Então, com o nervosismo à flor da pele, fui me apresentar. Nunca fui bom com a oratória, mas, especialmente naquele dia, estava mais apreensivo que o habitual e isso se refletia nas minhas palavras incertas.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Redoma

Cena do filme "O Show de Truman" de Peter Weir
Eu queria explorar o mundo
Por trás da minha imaginação, lá nos confins do desconhecido
Onde o horizonte possa se aproximar de mim
E me mostrar os sonhos velados ao seu lado, vagarosamente
Todavia, eu me sinto enclausurado nesse vasto cenário de concreto
Repleto de performances coletivas, atores e atrizes em sincronia
Há tanto tempo eu vivo nesse programa 

terça-feira, 3 de junho de 2014

Minha Mãe

Cena do filme "Philomena" de Stephen Frears


    Minha mãe tem um coração puro, é meu porto seguro
    Onde posso despejar minhas incertezas e tristezas
    E sempre serei ouvido, não importa o ocorrido
    Com calma, ela acaricia a minha alma
    E me revigora nos seus braços queridos.

    Ela me faz acreditar na humanidade
    A valorizar a bondade,
    A não ser arrogante, a respeitar o intolerante
    Porém, com a cabeça erguida para a vida.