Todo mundo enxerga
O que quiser
E ignora o que convém
Nem vem me contrariar
Pois minha opinião é baseada em fatos surreais
Todos na correria
Com a mente ocupada
Uns em acumular patrimônio
Muitos em fugir do demônio
da fome e do frio
Que mundo é esse?
Em vez de pacato
Hostil
Os celulares nos domesticam
Feito animais dependentes
De notificações
Já que nossas ações
Não são o suficiente
Um café ebuliente
Esquentando a alma e o presente
Enquanto se contempla um verde infinito
Uma espiadela no paraíso
Ou a sede saciada
Ao sentir a brisa acanhada
O caminhar despreocupado
Com a oração moderna:
"Objeto nosso, que estais na mão
Santificado seja sua presença
Dê a nós o horário dessa ocasião
Seja postada uma foto
Assim no Face como no Insta"
Não há registros que possam dimensionar
A magia do plenamente estar
Nesses minúsculos instantes
Os sentidos fazem sentido
Nos lembramos da brevidade
Do arroz com cenoura
Da poeira das ruas de terra
Do sussurro indescritível do mar
Do abraço sincero
Da conversa que supera o tempo
Do olhar ocioso sob um teto
Do nada, do silêncio, do fim
Da simplicidade que percorre nossas veias
Mas que é entupida com ideias fabricadas
com lixo inorgânico.
Somos o vazio que criamos
Quando nada supre
Falsas necessidades
Somos a paz que emanamos
Quando quase tudo se torna
Desimportante.
Por Vitor Costa
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