quarta-feira, 22 de julho de 2015

Eu não me importo se vai doer

Cena do filme "Beleza Americana" de Sam Mendes

Somos o mesmo osso que se parte
Somos o mesmo sangue que escorre
Somos a mesma carne que apodrece
Somos essa fagulha de tempo

Fomos condenados pelas circunstâncias
Pelas estatísticas
Pelas esperanças
De sermos completamente felizes
Mas, somos bichos complicados
Descontentes e mal amados
Somos essa vontade contrariada
De ser tudo e ser nada

Conscientes de nossas condições
Inventamos soluções
Para nossas insatisfações:
Sonhos, desejos, expectativas
Porém, nada será
EXATAMENTE
do jeito que queremos
Então, fingimos nos contentar
com o que temos
com quem somos
Porque é o que nos resta fazer.

Este texto foi escrito ao som de Radiohead - Creep

Por Vitor Costa

12 comentários:

  1. Belo texto! dosado perfeitamente entre o drama e a realidade! Verdadeiro e poético, Parabéns!

    Desses Dias Meios

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  2. Vítor, meu amigo. Como parar de te elogiar? A cada texto você se supera hahaah.

    "Então fingimos nos contentar com o que temos, com quem somos. Porque é o que nos resta fazer".

    Emblemático e sem muita misericórdia, reflete muito do que todos nós estamos passando (e contra a nossa vontade). Esses dias eu me peguei cansada de tanto viver no automático e passei a refletir sobre como todos nós estamos FINGINDO viver. Existindo por mera decoração. Gosto tanto de vir aqui e me deparar com algo atual e reflexivo, parece até que estamos em sintonia.

    Perfeito, como sempre *.*. Parabéns (pra variar)!!!

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    1. Assim você me deixa sem jeito Hell hahaha

      Agradeço muito as suas palavras e fico cada dia mais admirado sobre o quanto somos parecidos kkk

      Beijos!

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  3. Você me surpreendeeeeeu! Quando vi a foto e o título, logo pensei: mais um dos contos intrigantes do Vitor, taranranran! Mas, dessa vez, temos uma poesia foda, cheia de metáfora e bem direta que dói em quem lê e não em só mais um personagem: me senti um protagonista do teu poema, afinal teu eu lírico falou por todos nós, bons (maus) humanos que somos.
    Doeu!

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    1. Muito obrigado Carol! Era essa a intenção mesmo!

      Adorei seu comentário, como sempre acrescentando!

      Beijos querida!

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  4. Boa tarde caro Vitor.. somos seres, pedaços de carne que um dia vão apodrecer e adubar a terra..
    gosto de ler e falar de temas assim..
    mesmo que assuste muita gente rsrs
    abraços poeta

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    1. Rsrs que bom que esse tema "inconveniente" também te atraia, Samuel.

      Obrigado pela sempre honrosa visita, poeta!

      Abraços.

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  5. Maravilhoso! Moço, sua escrita é encantadora... Você não escreve, brinca com as palavras de um jeito perfeitamente natural e, de quebra, deixa uma crítica e reflexão atualíssimas no meio delas. Meus parabéns!

    p.s: a música que o inspirou me faz lembrar de uma cena de "O Homem do Futuro", um filme ótimo.

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    1. Obrigado Lari, fico muito feliz que tenha apreciado dessa forma :-)

      Eu ainda não tive a oportunidade de assistir a esse filme, mas, após sua dica, certamente irei e depois te perguntarei qual cena é essa rsrs

      Beijos

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  6. Muito intensa sua poesia, causa desconforto na gente.

    :)

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    1. Obrigado Natália! Que bom que a poesia te provocou dessa forma!

      Beijos

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