Cena do filme "Dançando no Escuro" de Lars Von Trier
Lars Von Trier foi um dos fundadores, junto com Thomas Vinterberg, do manifesto Dogma 95, que pregava basicamente a valorização do conteúdo das narrativas em detrimento dos seus recursos estéticos, sendo que um dos principais representantes dessa tendência foi “Os Idiotas” dirigido por Trier. Antes de aderir a esse movimento, ele realizou obras peculiares como “Europa” e “Ondas do destino”.
Após a queda da “febre” do manifesto, Trier realizou uma das melhores obras (senão a melhor) do seu invejável currículo, “Dançando no escuro” que recebeu certa influência do movimento, mas não de modo intenso.
A história do filme é simples: uma jovem operária, Selma (Björk), que se vê em dificuldades por possuir uma doença hereditária na visão, precisa juntar dinheiro para pagar a operação que evitará que seu filho perca a visão, porém, quando um vizinho a acusa, falsamente, de roubar suas economias, a situação toma um rumo trágico.
O estilo inconfundível de filmagem de Trier traz um realismo impressionante à história, seu modo de focar os personagens faz com que nos sintamos inteiramente próximos dos dramas deles, sem que haja um distanciamento que poderia enfraquecer a obra, desse modo, os sentimentos manifestados pelos personagens passam a ser nossos também, compartilhamos breves momentos de júbilo e utopia (expressados, principalmente, pelos ótimos e convincentes números musicais que se passam na mente de Selma), com intensos momentos de sofrimento e revolta. Por meio desse turbilhão de emoções, Trier nos convida a refletir sobre temas que transcendem às barreiras da diversidade e dizem respeito à realidade de cada um de nós, como a lealdade, a esperança, o amor materno, a intolerância, a xenofobia, entre outros temas universais.
As atuações também apresentam um papel relevante para a qualidade da obra, destacando o desempenho de David Morse ("Os 12 macacos", "16 quadras") que consegue transpassar toda a insegurança e instabilidade para Bill Houston, o de Peter Stormare ("Fargo", "Armageddon") que conferiu sensibilidade e tranquilidade a Jeff, a renomada atriz Catherine Deneuve que transformou Kathy, a melhor amiga de Selma, em uma companheira verdadeiramente fiel e dona de uma “força” admirável. Porém, o principal destaque é mesmo a interpretação inspiradíssima da cantora Björk, difícil acreditar que essa foi sua estreia no cinema, pois ela, praticamente, transformou-se em Selma, sua aparência vulnerável, seu olhar cativante, seus passos decididos de dança, sua voz potente e revigorante, enfim, todas essas características combinaram perfeitamente com Selma. Um desempenho marcante, genuíno, intenso, impossível ficar indiferente diante de tamanha entrega a um personagem.
“Dançando no escuro” definitivamente não é um filme para todos, exige um certo de grau de paciência e “nervos de aço" (assim como a maioria dos filmes de Von Trier), mas, para aqueles que como eu, decidirem se entregar a essa poderosa história, serão contemplados por uma obra que certamente se tornará inesquecível e provocará sentimentos que ultrapassam o limite entre arte e vida.
Após a queda da “febre” do manifesto, Trier realizou uma das melhores obras (senão a melhor) do seu invejável currículo, “Dançando no escuro” que recebeu certa influência do movimento, mas não de modo intenso.
A história do filme é simples: uma jovem operária, Selma (Björk), que se vê em dificuldades por possuir uma doença hereditária na visão, precisa juntar dinheiro para pagar a operação que evitará que seu filho perca a visão, porém, quando um vizinho a acusa, falsamente, de roubar suas economias, a situação toma um rumo trágico.
O estilo inconfundível de filmagem de Trier traz um realismo impressionante à história, seu modo de focar os personagens faz com que nos sintamos inteiramente próximos dos dramas deles, sem que haja um distanciamento que poderia enfraquecer a obra, desse modo, os sentimentos manifestados pelos personagens passam a ser nossos também, compartilhamos breves momentos de júbilo e utopia (expressados, principalmente, pelos ótimos e convincentes números musicais que se passam na mente de Selma), com intensos momentos de sofrimento e revolta. Por meio desse turbilhão de emoções, Trier nos convida a refletir sobre temas que transcendem às barreiras da diversidade e dizem respeito à realidade de cada um de nós, como a lealdade, a esperança, o amor materno, a intolerância, a xenofobia, entre outros temas universais.
As atuações também apresentam um papel relevante para a qualidade da obra, destacando o desempenho de David Morse ("Os 12 macacos", "16 quadras") que consegue transpassar toda a insegurança e instabilidade para Bill Houston, o de Peter Stormare ("Fargo", "Armageddon") que conferiu sensibilidade e tranquilidade a Jeff, a renomada atriz Catherine Deneuve que transformou Kathy, a melhor amiga de Selma, em uma companheira verdadeiramente fiel e dona de uma “força” admirável. Porém, o principal destaque é mesmo a interpretação inspiradíssima da cantora Björk, difícil acreditar que essa foi sua estreia no cinema, pois ela, praticamente, transformou-se em Selma, sua aparência vulnerável, seu olhar cativante, seus passos decididos de dança, sua voz potente e revigorante, enfim, todas essas características combinaram perfeitamente com Selma. Um desempenho marcante, genuíno, intenso, impossível ficar indiferente diante de tamanha entrega a um personagem.
“Dançando no escuro” definitivamente não é um filme para todos, exige um certo de grau de paciência e “nervos de aço" (assim como a maioria dos filmes de Von Trier), mas, para aqueles que como eu, decidirem se entregar a essa poderosa história, serão contemplados por uma obra que certamente se tornará inesquecível e provocará sentimentos que ultrapassam o limite entre arte e vida.
Vitor Costa
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