Cena do filme "Fale com Ela" de Pedro Almodóvar
"Por
que a pressa moça?
Por que não se senta nesse banco da praça
Diga-me o que se passa
Eu sei que a sociedade exige a sua presença
Porém, fique um pouco, aqui o tempo espera."
Não
se preocupe com o estranho que te cumprimenta
Ele
não te oferece perigo, ele só quer ser um abrigo
Para
tudo o que te atormenta
Ele,
pela aparência, não te julga
Nem,
pelo pensamento, te devora
Ele
quer entender a melancolia que te domina
Por
trás do rosto de menina
"Por
que não apreciamos um café?
Eu sinto que anda sufocado o seu coração
Tanta pressão, opressão, irresolução
O que fizeram com a sua fé?
O pranto que, na escureza, adormece
O receio de impor a sua vontade
A insistente frustração que te invade
Frutos de pérfidos beijos, falsas esperanças
Que te puseram no peito
As ocasiões em que te faltaram com respeito
Em que te trataram como uma boneca de pano
Que deplorável engano."
Moça, não se iniba perante esses ouvidos
estranhos
Tenha clemência dos seus sentimentos
Permita-os fluir como o sonoro vento
Permita-os tocar a realidade
Não interrompa o fluxo de suas lágrimas
Nelas escorre a verdade
Impuseram-te o papel de figurante
Da sua própria vida, do seu utópico romance
Transformaram-te em uma submissa amante
Sem sombra, muda, que espreita a felicidade de
relance
Como se jamais estivesse ao seu alcance.
"E, pelo bosque, sugiro uma caminhada
Para que a luz do sol te revigore
Para que sinta evaporarem suas angústias
E para que, pelas árvores, sinta-se amada."
Moça,
você despejou seus reprimidos sofrimentos
Sob
a face envelhecida desse fantasma
Inconformado
em respirar sua tristeza
Quando,
diariamente, observava-te ao relento
O
espectro precisa seguir viagem
Ele
espera, porém, que esses lépidos instantes
Puderam
te entorpecer de coragem.
"O
mundo é um mar de ilusões
Que se renovam em forma de novidade
Mas que são águas do mesmo rio
O rio que afogou a sua ingenuidade
Porém, ele não te arrasta pela correnteza
Pois você é a rocha, na praia, despercebida
É o metal soterrado no solo
É força oculta, é bruta vida
É amor sem medida."
Vitor Costa
Eu gosto tanto desse poema. Toda vez que leio é como se fosse a primeira.
ResponderExcluirQue bom Carol, fico extremamente feliz de saber que meu poema te agrada de alguma forma. Confesso que esse é um dos meus textos favoritos também. :-)
ExcluirBeijos e obrigado pelas suas palavras alentadoras.
Vejamos o que eu posso dizer.....
ResponderExcluirLindo e perfeito....rsrsrsrs
Poeta...
Manu
Rsrs Muito obrigado pelas palavras Manu!!
ExcluirBeijos querida.