terça-feira, 8 de setembro de 2015

Paradoxo

Cena do filme "A Viagem de Chiriro" de Hayao Miyazaki

No ontem, acordei
As lágrimas, de saudade, ruíram
Como pode a criança que sou
Não ser mais a criança que era
Como é possível que o tempo tenha me sentido
E eu não tenha sentido o tempo
Se, para aquele menino, eu não existia
Então, por que agora existo?

Hoje, eu não tenho o ontem
Ontem, eu não tinha o hoje
São apenas ilusões que não se tocam
Que desaparecem quando amanheço
Mas, ainda assim, não me reconheço
Porque tudo é ontem.

Por Vitor Costa

9 comentários:

  1. Cacete, paradoxal pra caramba, mesmo.
    A gente só percebe o efeito do tempo quando não dá mais tempo de mudar, de reviver, de se arrepender.
    A gente passa pela vida e nem sente ela passar.
    Realmente é triste.

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    1. Pois é né Carol. O tempo não dorme.

      Saudades de você!

      Beijos

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  2. Excelente jogo de palavras, Vitor. Hábil construção.Quando crianças somo protegidos pela inocência, tudo nos sorri, o mundo um brinquedo na palma da mão. O tempo a nosso favor, que tempo? Temos todo tempo do mundo. O tempo é acordar e dormir, brincar. Estresse zero , zero preocupação, puro de coração. Crescer doí. Bela e inspirada composição, amigo. Abraços!

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  3. Ah, ia esquecendo, adoro esse filme. Profundo, delicado e sutil.

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    1. Muito obrigado pelas incríveis palavras Fábio. Um elogio seu é sempre inestimável.

      Que bom que gostou! É um dos meus favoritos! E se engana que é infantil e feito somente para crianças. Há muita reflexão nessa fantástica história.

      Abraços caro

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  4. Sim, sim, tudo é ontem... O agora é efêmero, apesar de ser toda a nossa esperança, e o futuro não existe, se quando supostamente chega futuro já não é mais.

    Poesia maravilhosa!

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    1. Exatamente, o amanhã não existe e nem o hoje, porque nunca conseguimos alcançar o agora. Assim como o amanhã, o agora é intocável, quando pensamos nele, já não é mais agora.

      Muito obrigado pelas palavras Lari.

      Fiquei realmente feliz que tenha gostado :-)

      Beijos

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  5. Boa tarde Vitor Costa! Tudo bem?
    De uma intensidade ímpar...
    A vida,realmente é paradoxal.
    Uma vertente constante do tempo, da passagem corriqueira entre os dias.
    Belíssimo!
    Bj

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    1. Muito obrigada, Marcella. Fico muito feliz pelo seu comentário!

      Beijos e volte mais!

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