Vejo as ruas frias, mesmos tons e esculturas
Nada me inquieta, nada me surpreende
Nessas gélidas molduras
que jamais mudam.
Esse espaço físico já não me é o bastante
Rotas previsíveis, rotina tépida
O tempo não se move
Apenas aguarda
uma espera inexorável
quase cínica
pela minha estática coragem.
Prevejo meus movimentos
Ando, mas não saio do lugar
E permaneço, na redoma invisível
que, com tanta inércia, construí.
Sinto-me aprisionado
pela minha ilusória liberdade,
pelos meus velhos hábitos
e desejos voláteis.
No tempo, eu adormeci
um sono plácido
de uma vida plástica,
onde tudo é familiar
e o mundo, uma pequena casa.
Mas, o cérebro, teimoso, recusa,
esquece, abusa, foge e retorna carente.
A evolução, brado a mim mesmo,
à esmo, não ocorre
Teias devem ser cortadas
bolhas, estouradas
e medos, afrontados.
É hora de acordar fora da mente.