sexta-feira, 29 de agosto de 2014

A Carta Perdida

Cena do filme "As Pontes de Madison" de Clint Eastwood


     “Hey C., como vai? Primeiramente, quero te avisar que as palavras que virão a seguir não são típicas de nossas conversas pela internet. Elas são resultado de anos de silêncio, receio e medo, mas, finalmente, puderam se libertar e chegar ao seu destino.

      C., eu gostaria que você soubesse que, apesar de todo esse tempo sem te ver, não houve um dia em que eu não pensei em você. A cada dia, semana, mês, ano eu me lamentava profundamente por não ter tido coragem de dizer o que sempre quis expressar logo que te conheci, naquele longínquo ano de 2008. Eu sei que pode parecer loucura, petulância, atrevimento, seja o que for, ainda mais considerando todo esse tempo e tudo o que cada um viveu desde o ingresso na universidade. Entretanto, eu não estava suportando mais viver com todo esse sentimento reprimido.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Não Há Filme

Eu preciso de um rumo
Um prumo qualquer
Uma direção, uma ilusão
Cedo ou tarde, terei que me encaixar
No circo dos covardes
Que fingem felicidade
Sobre a morte lenta
Imperceptível
Voluntária.

Sob o sol que não esquenta
Que aguarda a desistência
Reside uma pertinaz consciência
Que me alenta
Que me arrebenta.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Os Palhaços Suicidas

Poster do filme "Patch Adams" de Tom Shadyac


A indissociável melancolia que os consome
Não tem nome nem sobrenome
Apenas existe e persiste
Mesmo por trás dos doces risos
Das gargalhadas infantis
Da roupa vívida
E da face colorida.

É triste quando alguém, da vida, desiste
Pior ainda é saber que pessoas, cuja alegria nos contagia
Entusiastas do amor e do humor
Sem avisos, matam seus sorrisos
E deixam sua plateia atordoada e
Carente

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

O Homem de Negócios


Cena do filme "Sangue Negro" de Paul Thomas Anderson


Os olhos negros exalavam ódio pelas suas retinas intrépidas, a síntese do desprezo em sua face embrutecida.

- Eu odeio as pessoas, odeio tudo que vem delas - Confessava ao espelho.

A imagem refletida pelo vidro revelava um rosto amargo, corroído pelo tempo, sem escrúpulos, uma força movida pela avareza, pelo desejo de sugar qualquer vestígio de concorrência.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Rua dos Anjos Caídos


Cena do filme "Cães de Aluguel" de Quentin Tarantino


Um tiro, um último suspiro, um célere cheiro de pólvora que invade a loja e os alvéolos pulmonares de Rafael. Era o fim inesperado pela infalibilidade do plano. Que perversa ironia. Logo Rafael que havia se recuperado de uma severa asma.

Esses imprevistos acontecem o tempo todo, se nada tivesse acontecido, esse breve conto nem existiria, talvez existisse, mas seria fastidioso, como a maioria dos dias. A tragédia inspira. Porém, eu lamento pelo Rafael, não precisava ser o seu fatídico dia. Não precisava, mas foi, e tudo se iniciou com uma pueril ideia, uma semente corrosiva: